A Câmara
Federal aprovou na última quarta-feira, 19, mais uma minirreforma eleitoral que
poderá valer para as Eleições 2020, a depender da sanção do Presidente
Bolsonaro e a publicação da lei até o próximo dia 4 de outubro.
Com
a aprovação, novamente o Parlamento recebe uma enxurrada de críticas pelos mais
diversos motivos. Os maiores veículos de comunicação, que ainda detêm forte
influência na formação da opinião pública, coordenam as críticas iniciais e
proporcionam o combustível necessário ao desgaste virtual, realizado pelos
internautas.
Tudo muito justo,
obviamente. Viva à Democracia, pois o povo tem a liberdade de criticar.
Mas,
a bem da verdade, qualquer reforma eleitoral, seja ela ampla ou mínima, será
alvo de críticas, pois sempre terá quem não se sinta contemplado. Imaginemos,
apenas para reflexão, que pudesse existir uma reforma a contemplar a
ampla maioria dos mais variados espectros políticos, mesmo assim, uma parte da
imprensa dedicaria tinta e tempo a criticar, pois, falar “mal”, vende, produz
audiência, e sempre tem quem goste de assistir programas sanguinários no
horário sagrado da refeição. É a eterna contradição humana, já dizia Machado de
Assis, em “A Igreja do Diabo”.
Voltando
à minirreforma, sobre o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, um dos
pontos mais comentado, há “comentaristas políticos” que defendem
arduamente que tal fundo é um verdadeiro escárnio, pois recurso público não
pode ser usado para financiar campanhas políticas, uma vez que falta dinheiro para
saúde, educação, segurança etc., etc., etc, que a classe política é isso e
aquilo etc., etc. etc.
Por
outro lado, há outros “comentaristas políticos” que, de forma contrária,
entendem que sim, é preciso existir recurso público para financiar as campanhas
eleitorais, de modo a tentar proporcionar um mínimo de equilíbrio entre os
participantes, pois, caso não haja recurso (público) para auxiliar os
candidatos reconhecidamente preparados, por exemplo, mas vulneráveis
economicamente, estes não terão a mínima chance de se postar como uma
alternativa ao distinto eleitor, o que privilegiaria imensa e quase
exclusivamente os candidatos detentores de maior poder econômico, que
conseguiriam facilmente obter maior visibilidade, entre tantas outras vantagens
que o dinheiro particular poderia proporcionar
ao candidato mais privilegiado.
Mais
ainda, os defensores da necessidade do financiamento público esclarecem que não
há como imaginar um processo eleitoral, que é o ápice do sistema democrático,
sem a utilização de recurso, seja ele público ou privado.
Assim
sendo, tendo o Supremo Tribunal Federal decidido pela inconstitucionalidade de
doações por pessoas jurídicas, só nos restaria o financiamento público. E caso não haja esse recurso público para
financiar a Democracia, o financiamento poderá vir do tráfico de drogas, por
exemplo, dizem alguns estudiosos, pois chefes do tráfico poderiam se aproveitar
da crise financeira que se instalaria no processo eleitoral para injetar
recursos para eleger seus próprios candidatos.
Talvez
o exemplo acima fosse o suficiente para demonstrar que sem dinheiro o processo
político-eleitoral, e consequentemente a Democracia, não sobrevive e correr
sérios riscos.
Contudo,
discursos populistas e simplistas, mesmo que irresponsáveis, sempre são mais
fáceis de vender a uma plateia que, muitas vezes, já aguarda a notícia acompanhada
com a opinião pronta do emissor, justamente para não precisar perder tempo em “pensar”.

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