O Brasil
ainda está em fase de conhecimento da sua própria Democracia. Tendo como marco
divisor a promulgação da Constituição Federal de 1988, após mais de duas
décadas de ditadura militar, nossa Democracia pode ser considerada uma criança,
se comparada com outras Democracias pelo mundo.
O sistema
político-eleitoral brasileiro, ao longo desse período de redemocratização, vem passando
por significativas transformações legislativas, culturais e comportamentais. E dentro
desse sistema há um elemento chamado “homem”, o ator principal desse enredo.
O Brasil,
com sua dimensão continental, com sua diversidade cultural, com sua realidade
educacional, com seu histórico colonial, com características machistas ainda
muito enraizadas, com as características coronelistas ainda bastante marcantes
etc., etc., etc., possui um quadro político-partidário bastante multifacetado. E
essa diversidade terá reflexo, obviamente, na composição dos cargos políticos de
relevância, eletivo ou não.
Os partidos
políticos, como instrumentos necessários para a organização do cenário político-eleitoral,
possuem um papel relevantíssimo perante a sociedade, mas, na prática, não estão
conseguindo cumprir tão nobre missão, seja pelo silêncio ensurdecedor, seja
pela ausência de atuação permanente, sem excluir uma única esfera: municipal,
estadual ou nacional.
A letargia
dos partidos políticos, que deveriam funcionar como o principal filtro de seleção
dos candidatos que sairão às ruas para pedir o voto do eleitor, após o fim do
período eleitoral faz com que tais siglas tenham uma imagem extremamente
desgastada junto ao eleitorado. E para mudar essa imagem só há uma saída:
mudança de comportamento.
Não bastam discursos inflamados e esporádicos sobre determinados temas ou postagens em
redes sociais, é preciso repensar todos os procedimentos internos. É preciso profissionalizar
a organização. Os filiados de uma agremiação partidária e, principalmente, a sociedade
como um todo precisam saber que os partidos, para justificar a sua existência, são
atores ativos de forma constante, em ano eleitoral e não eleitoral; ou a vida
política do país só existe em período que antecede as convenções partidárias?
Da
necessidade permanente dos debates internos - Da destinação legal dos recursos
do fundo partidário aos institutos e fundações partidárias
A necessidade
de promoção de debates
internos nas agremiações partidárias sobre temas importantes de interesse da sociedade é
diária. Partidos que compõem a base de um governo têm o dever de debater internamente
os temas que estão sob sua responsabilidade, especialmente. Para tanto, é necessário
investir em qualificação permanente. É preciso dar vida às Fundações/Institutos
que os partidos possuem.
A Lei
dos Partidos Políticos, Lei 9096/1995, em seu art. 44, IV, estabelece que os
recursos oriundos do Fundo Partidário serão aplicados na criação e manutenção
de instituto ou fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política,
sendo esta aplicação de, no mínimo, vinte por cento do total recebido.
Já
falei aqui
sobre a necessidade de investimento para o fortalecimento da Democracia
brasileira. Sem sombra de dúvida, sem investimento não há fortalecimento.
Vejamos
um exemplo clássico da completa ausência dos partidos na promoção de debates ou
treinamento/qualificação dos filiados. Você, caro leitor, tem conhecimento em
sua cidade sobre a atuação da fundação ou instituto de algum partido político? Provavelmente
a resposta é não. E sabe por que é assim?
Porque
a base permite que seja assim. Os diretórios ou comissões provisórias
municipais permitem que assim seja, não cobrando da direção estadual uma
maior organização. Esta, por sua vez, não cobra da direção nacional também
maior organização, e assim um espera pelo outro uma atitude que também não tem
coragem de iniciar.
Ocorre
que os tempos são outros e essa anemia administrativa nos partidos políticos há
tempos causa grandes prejuízos financeiros, judiciais e políticos a todos os envolvidos,
sejam dirigentes partidários, filiados, candidatos, mandatários, à própria
sigla e, principalmente, à sociedade.







